A Caixa Econômica Federal encomendou um filme de 30 segundos à agência de publicidade NovaS/B para homenagear os 14 mil funcionários afrodescendentes da instituição. A peça foi desenvolvida a partir de uma obra do poeta e pesquisador gaúcho Oliveira Silveira (1941-2009), que foi o idealizador do Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro. A propaganda será veiculada em todo o Brasil de amanhã (19) até o dia 22 deste mês.
Na peça publicitária, um narrador declama em "off" o poema "Encontrei minhas Origens" (veja íntegra abaixo), que conta a história dos negros no país e a sua trajetória rumo ao encontro de uma vida brasileira, e a uma identidade nacional. O filme tem direção do cineasta Heitor Dhalia ("O Cheiro do Ralo" e "À Deriva").
O diretor de criação da NovaS/B Antonio Batista conta que a idéia do filme foi "mostrar o negro como agente de sua libertação" e não como beneficiário da Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. "A liberdade do negro não foi doada, mas sim conquistada. O filme é afirmativo e mostra o orgulho do negro por suas origens", complementa.
O diretor de criação Batista complementa que a homenagem aos funcionários afrodescendentes está alinhada à postura da Caixa de estar sempre atenta à diversidade em todas as suas nuances: religiosa, cultural, étnica e de gênero.
"Encontrei Minhas Origens"
Oliveira Silveira (*)
Encontrei minhas origens
Em velhos arquivos
Livros
Encontrei
Em malditos objetos
Troncos e grilhetas
Encontrei minhas origens
No leste
No mar em imundos tumbeiros
Encontrei
Em doces palavras
Cantos
Em furiosos tambores
Ritos
Encontrei minhas origens
Na cor de minha pele
Nos lanhos de minha alma
Em mim
Em minha gente escura
Em meus heróis altivos
Encontrei
Encontrei-as, enfim
Me encontrei.
Impressionante como os clichês sobre negros ainda são reproduzidos. Impressionante que a mídia e as grandes empresas não entenderam que essas imagens de dor e de sofrimento não contribuem em nada para a valorização do negro e para o aumento de sua auto-estima e que, muitos menos, pode ser visto como homenagem. Já passou da hora de mudarmos esse discurso. Uma homenagem falaria dos grandes negros que fizeram e fazem nossa história, como o forma André Rebouças, Chiquinha Gonzaga, José do Patrocínio, Juliano Moreira e tantos outros e outras.
ResponderExcluirabçs
Roberto